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O poder de sustentação das grandes empresas

Artigo de opinião de Teresa Cardoso de Menezes, publicado na edição especial “500 Maiores & Melhores” da revista Exame

As grandes empresas – em concreto as 500MM – mostram com bastante clareza como a sua dimensão é fundamental nos bons e nos maus momentos dos ciclos económicos.

As análises que a Informa D&B tem realizado ao longo dos anos às empresas revelam que as organizações de maior dimensão desempenham um papel decisivo em cenários com caraterísticas diferentes, tenham eles contornos mais negativos ou positivos.

Esta ação que considero decisiva reside sobretudo na sustentação que as empresas de maior dimensão oferecem a todo o ecossistema económico, que se estende até ao domínio social, nomeadamente através da criação e da conservação do emprego.

O exemplo do emprego foi assinalado num momento particularmente crítico, quando, no final da primeira década deste século, a crise das dívidas soberanas teve como consequência a destruição de uma grande quantidade de postos de trabalho. Nessa altura, as maiores empresas desempenharam um papel especialmente relevante para manter uma parte muito significativa do emprego.

O efeito positivo que têm na generalidade do tecido empresarial não resulta apenas de uma aritmética simples, segundo a qual os seus grandes números têm naturalmente um reflexo positivo nas médias globais. A sua maior capacidade de lidar com situações críticas tem também um efeito de sustentação na medida em estas empresas são responsáveis pelo trabalho de muitas outras empresas de menor dimensão que operam a jusante nas mesmas cadeias de valor. E quando conseguem manter uma atividade relativamente saudável, mesmo em situações críticas ou de grande incerteza, as maiores empresas garantem também a atividade de todas essas empresas mais pequenas.

Mas em contextos nos quais as análises do tecido empresarial nos revelam números positivos e francamente encorajadores ao nível do desempenho das empresas, o papel das maiores empresas volta a mostrar-se decisivo. Foi isto que ficou à vista quando analisámos o desempenho das empresas em 2022.

Em 2022, quase dois terços das empresas viram a sua faturação aumentar e todas as dimensões, desde as microempresas até às grandes empresas, registaram crescimento no volume de negócios. Mas quanto maior a dimensão, maior foi o crescimento do volume de negócios, bem como a percentagem de empresas que registaram um aumento do volume de negócios.

Entre 500MM, mais de 90% viram o seu volume de negócios aumentar, um desempenho que representa uma parte muito relevante do crescimento total do volume de negócio do tecido empresarial. Em 2022, o crescimento do volume de negócios das 500MM atingiu os 34%, um valor só por si muito robusto mas que, além disso, se segue ao crescimento significativo de 17% que já tinham alcançado em 2021.

Entre os indicadores do desempenho, o emprego foi aquele que menos cresceu nos últimos anos. Mas mesmo aqui há uma diferença. Enquanto na generalidade do tecido empresarial cerca de dois terços das empresas manteve os números do emprego, nas 500MM mais de metade aumentaram o número de empregados no último ano, com uma variação total de 4%.

As exportações deram um importante contributo para o desempenho das maiores empresas. Entre as 500MM, 75% aumentaram em 2022 os negócios com os mercados externos, negócios que representam cerca de um quarto da sua faturação total. É claro que a capacidade de chegar a diversas geografias depende de recursos e capacidade de investimento que não estão ao alcance de todas as empresas, designadamente das de menor dimensão. Mas também aqui é importante o papel de sustentação das maiores empresas, pois, tal como referi atrás, a integração de empresas mais pequenas nas suas cadeias de valor inclui frequentemente um passaporte para negócios nos mercados externos.

Se vemos sinais positivos sobre as maiores empresas nos dados que extraímos do passado recente, há pelo menos dois sinais adicionais que vêm reforçar esta perceção quando pensamos no futuro. Por um lado, as 500MM são na sua grande maioria empresas com bons níveis de resiliência financeira, de acordo com o indicador criado pela Informa D&B que avalia a capacidade de uma empresa enfrentar um choque excecional e não previsto com impacto significativo no seu processo produtivo e comercial. Além disso, são empresas com um baixo risco de Failure, um indicador que reflete a probabilidade de, nos próximos 12 meses, uma entidade cessar a sua atividade com dívidas por liquidar.

Ambos os indicadores criam boas perspetivas quando pensamos no papel destas empresas na economia. Se desejamos manter estas perspetivas, é bom que desejemos também que as empresas em geral e, desde logo as maiores empresas, tenham condições para prosseguir o seu rumo de crescimento, mantendo com isso a sua ação fundamental de grande sustentação do tecido económico nacional.

Teresa Cardoso de Menezes, Diretora-geral da Informa D&B