novembro 2024 Variação referente ao mês homólogo
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Sustentáveis, resilientes e com os olhos no futuro

Artigo de opinião de Teresa Cardoso de Menezes, publicado na edição especial “1000 Maiores PME” da revista Exame

“Os impactos de 2020 não se fizeram sentir nas 1000 Maiores PME como na maioria das outras empresas, o que ofereceu a estas a possibilidade de um crescimento em 2021 bastante superior, visível nos números do nosso estudo.

O ano de 2021, em que assentam as análises que realizámos às 1 000 Maiores PME (1 000 PME), não foi um ano qualquer. Após um 2020 em que as contas das empresas foram fortemente atingidas pelas restrições impostas pela pandemia Covid-19, era com expectativa que se aguardava pela desejada recuperação.

A resposta das 1 000 PME foi de grande robustez, ultrapassando, aliás, os indicadores de outros grupos de empresas, incluindo das maiores empresas. Em 2021, 84% destas empresas viram crescer o seu volume de negócios. No ano anterior, a faturação das 1 000 PME tinha recuado 1%, bastante menos do que os 10% de média que se registaram no tecido empresarial. Apesar de uma margem de recuperação que seria aparentemente menor, este grupo de 1 000 empresas apresentou um crescimento agregado de 21% do volume de negócios em 2021, mais cinco pontos do que o tecido empresarial. Além disso, também em 2021, quase metade delas cresceu mais de 20% e, no conjunto dos dois últimos exercícios, mais de um terço cresceu consecutivamente.

Ou seja: os impactos de 2020 não se fizeram sentir nas 1 000 PME como na maioria das outras empresas, o que ofereceu a estas a possibilidade de um crescimento em 2021 bastante superior. É uma boa notícia para toda a economia, pois, apesar de serem apenas 1 000 empresas, e, além disso, PME, representam 6% do volume de negócios e das exportações de todas as empresas, faturando o equivalente a 10% do PIB.

Este tipo de comportamento, regra geral, não acontece por acaso e tem uma relação muito estreita com a capacidade de as empresas resistirem aos contextos adversos que enfrentam. Exatamente por isso, a Informa D&B criou, logo em 2020, um indicador que avalia a resiliência financeira das empresas, ou seja: a sua capacidade de enfrentar fenómenos críticos e imprevistos com impacto na sua operação. Acontece que 80% das 1 000 PME têm um nível de resiliência financeira elevado ou médio-alto, uma percentagem que é quase o dobro, se considerarmos a totalidade do tecido empresarial.

Observamos a mesma diferença muito significativa quando analisámos o risco de failure destas empresas, isto é: a probabilidade de cessarem atividade nos próximos 12 meses com dívidas por liquidar. Das 1 000 PME, 84% registam um risco mínimo neste indicador, um nível que no tecido empresarial é atingido apenas por 40% das empresas.

Estas caraterísticas não as tornam totalmente imunes, mas dão-lhes maior poder de adaptação a contextos adversos, como, aliás, se viu nos dois últimos anos, e serão importantes no momento presente, em que, à semelhança de muitas outras empresas, enfrentam o aumento de custos das matérias-primas e da energia, uma situação que poderá atingir negativamente as suas margens.

Há ainda um fenómeno que deve ser destacado entre as 1 000 PME, que é a forma como encaram o tempo – o tempo que utilizam para o seu crescimento, com vista o futuro, no qual querem estar como um legado para a geração seguinte. A idade das 1 000 PME é bastante elevada, com uma média de quase 30 anos, e além disso são, na sua maioria, empresas familiares. Estas caraterísticas revelam que são projetos de longo prazo, de futuro, geneticamente orientados para a continuidade, em que habitualmente dão prioridade à sustentabilidade dos seus negócios.

Esta segurança, que privilegiam quando tomam decisões na condução dos seus negócios, tem reflexos a diversos níveis, com consequências positivas na sua resiliência financeira ou no seu baixo risco, e será um ingrediente fundamental para a robustez que todos esperamos que elas continuem a mostrar no futuro.

E 80% das 1 000 PME têm um nível de resiliência financeira elevado ou médio-alto, uma percentagem que é quase o dobro, se considerarmos a totalidade do tecido empresarial.”