março 2024 Variação referente ao mês homólogo
Nascimentos
03916
-28,5%
Encerramentos
00530
-52,8%
Insolvências
00162
-9,6%

Dimensão e resiliência

Artigo de opinião de Teresa Cardoso de Menezes, publicado na edição especial “500 Maiores e Melhores” da revista Exame

“Com um volume de negócios equivalente a 66% do PIB, quase metade das exportações e 18% do emprego nas empresas, as 500M&M têm um peso enorme nos indicadores do tecido empresarial.

Todas as empresas desejam crescer. É esse o seu desígnio natural e todos ganhamos quando ele é cumprido – elas próprias, mas também a economia e o País. Este efeito positivo das maiores empresas é mais fácil de perceber quando analisamos simultaneamente o seu peso na economia e a excelente resposta que deram no exercício de 2021, perante momentos especialmente difíceis que afetam uma grande quantidade de empresas.

As virtudes que estão associadas à dimensão das empresas, desde logo daquelas que identificamos como as 500 Maiores & Melhores (M&M), são conhecidas e relembradas, ano após ano, quando elaboramos estes rankings.

Com um volume de negócios equivalente a 66% do PIB, quase metade das exportações e 18% do emprego nas empresas, as 500M&M têm um peso enorme nos indicadores do tecido empresarial. Pelo seu peso, quase tudo o que estas empresas fazem assume um papel central na economia, funcionando como sustentação do tecido empresarial na sua generalidade.

A grande capacidade de afetar investimentos, inovação e desenvolvimento e um maior alcance geográfico nas suas operações são alguns dos ingredientes que dão às empresas de maior dimensão essa capacidade de procurar soluções e alternativas, mais difíceis de encontrar no caso de empresas de menor dimensão.

Este poder de superação de momentos mais difíceis é extensível a muitos dos outros negócios de menor dimensão a funcionar através das suas cadeias de valor. Em momentos anteriores, como na crise das dívidas soberanas ou durante o PAEF, devemos recordar que, quando muitos postos de trabalho estavam ameaçados, o papel que as maiores empresas desempenharam foi crucial para manter uma parte muito significativa do emprego.

Mais recentemente, uma crise de natureza totalmente diferente abalou a economia quando uma pandemia impôs restrições que condicionaram a atividade de muitas empresas. As maiores empresas foram especialmente atingidas devido ao seu perfil exportador, uma atividade profundamente afetada e que ficou à vista nas contas de 2020, com uma queda de quase 20% nos negócios com os mercados externos.

Mas, logo no ano seguinte, em 2021, mostraram exatamente neste indicador a grande capacidade de recuperação, com as 500M&M a crescerem cerca de 30%, face ao ano anterior. Ainda que no caso da pandemia os impactos tenham sido bastante assimétricos, atingindo com mais gravidade alguns setores, em todos eles houve empresas a crescer. No caso das 500M&M, quase um quarto destas empresas conseguiu registar crescimentos consecutivos em 2020 e em 2021. Não existem empresas imunes a impactos, pois todas elas estão sujeitas a perturbações específicas, de acordo com o contexto do momento, que se altera por vezes de forma dramática. E foi isto que aconteceu em 2022, devido a um conflito na Ucrânia ainda sem fim à vista e que traz novos e exigentes constrangimentos às empresas.

De acordo com a análise de impacto que a Informa D&B realizou sobre as consequências do aumento dos custos da energia e matérias-primas, as 500M&M têm uma sensibilidade semelhante à da generalidade do tecido empresarial.

Mas se, como disse, não há empresas imunes a crises, há também empresas muito mais preparadas para as enfrentar. Tal como em momentos críticos anteriores, é de esperar uma resposta mais robusta das maiores empresas. A principal razão para esta expetativa é a resiliência destas empresas.

Quando analisámos a resiliência financeira das empresas, concluímos que ela anda de mãos dadas com a sua dimensão. Entre as 500M&M, por exemplo, 71% tem um Nível de Resiliência Elevado ou Médio-Alto, um patamar que apenas 43% das empresas atingem na totalidade do tecido empresarial.

Se esta resiliência é importante em tempos menos conturbados, ela pode ser decisiva quando o contexto traz ameaças, como o atual cenário internacional. A dimensão das empresas é também um trunfo que lhes permite atravessar tempestades, continuando a criar riqueza e emprego.

Como tal, será fundamental que outras empresas tenham oportunidade e incentivos para crescer e ganhar dimensão, reforçando a consistência, robustez e capacidade de resposta do tecido empresarial português.

Tal como em momentos críticos anteriores, é de esperar uma resposta mais robusta das maiores empresas

Teresa Cardoso de Menezes

Diretora geral da Informa D&B”