novembro 2024 Variação referente ao mês homólogo
Nascimentos
03549
-18,3%
Encerramentos
00662
-53,7%
Insolvências
00160
-4,8%

COVID-19 – Impacto na economia portuguesa

Mais de 100 mil empresas portuguesas têm uma forte exposição ao impacto da Covid-19, estando a sua grande maioria muito concentradas em 4 setores – Alojamento e restauração, Retalho, Transportes e Serviços gerais. Se às empresas se juntarem os Empresários em Nome Individual, o número supera as 200 mil entidades em setores com impacto alto.

A conclusão parte da análise que fizemos sobre os impactos nas 853 atividades económicas da CAE com o objetivo de fornecer aos vários decisores, informação que lhes permita gerir melhor os riscos associados à atual situação das empresas, numa altura em que a pandemia do novo Coronavírus atingiu de forma tão contundente o tecido económico.

Com base na análise qualitativa dos impactos em cada um dos setores de atividade económica, desenvolvemos um indicador de impacto setorial que permite classificar o grau de exposição de cada setor (alto, médio, baixo) e consequentemente de cada empresa.

Destas 853 atividades económicas, 204 registam impacto alto, 195 impacto médio e 454 impacto baixo. Porém, estas 204 atividades com impacto alto concentram cerca de um terço de todas as empresas portuguesas, sobretudo dos 4 setores assinalados.

Segundo Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, ‘desde o início desta crise, procurámos desenvolver novos indicadores e recalibrar os nossos modelos de avaliação do risco  comercial com o objetivo de ajudar as empresas e os decisores públicos a atuarem e a tomarem decisões mais avisadas; a avaliação dos impactos setoriais permite rapidamente quantificar e direcionar as medidas adotadas.”

Setores ligados ao turismo e retalho não alimentar são os mais impactados

Nos 4 setores com mais empresas em atividades com impacto alto – Alojamento e restauração, Retalho, Transportes e Serviços gerais – alguns subsetores registam uma especial exposição aos efeitos da Covid-19, nomeadamente aqueles com uma relação mais próxima com o Turismo e o Retalho não alimentar.

Entre esses subsetores estão o Transporte aéreo, hotéis e alojamentos, bares e restaurantes, aluguer de automóveis, agências de viagens e operadores turísticos, ou a organização de feiras e convenções. O impacto no conjunto da economia portuguesa será muito significativo, tendo em conta o peso do turismo no PIB nacional.

Também por este motivo, e em termos regionais, Algarve e Madeira são as regiões com maior número de empresas em setores fortemente impactados.

O setor do comércio a retalho de produtos não alimentares será duplamente afetado pela crise. Por um lado, pela suspensão da sua atividade em 18 de março, com a declaração do Estado de emergência. Por outro lado, a deterioração prevista da conjuntura económica e o aumento do desemprego, com a consequente incidência no rendimento disponível das famílias, permitem antever um comportamento desfavorável das vendas do setor nos próximos meses.

É esperado igualmente um comportamento desfavorável em setores fornecedores de bens de consumo duradouro, como móveis, eletrodomésticos ou produtos eletrónicos, bem como em outros de consumo imediato como o do têxtil/vestuário ou calçado.

34% das exportações em setores com impacto alto

O efeito da crise nas cadeias logísticas afetará também a indústria automóvel e de componentes, que deverá agravar a tendência negativa que já tinha demonstrado em janeiro e fevereiro de 2020, com uma descida de -1,2% face ao período homólogo, e que tem um peso muito significativo nas exportações nacionais.

Em geral, no que respeita às exportações, cerca de 1/4 das exportadoras e mais de 1/3 das exportações pertencem a setores fortemen­te impactados pela atual conjuntura económica.

Setores com menos impacto também enfrentam dificuldades

Entre os setores com impacto médio, alguns poderão em 2020 sofrer uma reversão na tendência ascendente da sua atividade, destacando-se, pelo seu elevado peso no PIB, os da construção e materiais de construção e as atividades imobiliárias que estavam a evoluir positivamente desde 2014/2015.

É ainda previsível uma redução de receitas e maior pressão nos preços no setor dos Serviços empresariais, uma área relevante pelo seu grande número de entidades.

Nos setores com baixo impacto, destaca-se a distribuição de produtos alimentares, impulsionada pela quebra do consumo fora de casa, bem como os produtos de higiene pessoal e doméstica, o setor primário e a saúde, incluindo os serviços de saúde e o fabrico e comercialização de produtos farmacêuticos.

Veja aqui o estudo que desenvolvemos sobre o tema.