
Atividades ligadas ao turismo estão a crescer mais em volume de negócios e emprego do que o tecido empresarial
As empresas ligadas ao turismo estão a protagonizar, nos últimos anos, crescimentos superiores à média do tecido empresarial no que toca ao nascimento de novas empresas, à evolução do volume de negócios e do emprego. Em alguns concelhos do país, o turismo representa mais do dobro da criação de riqueza e do emprego. As conclusões são da 1ª edição do estudo que a Informa D&B realizou sobre as empresas do setor do turismo, onde analisa o perfil de cerca de 66 mil empresas, distribuídas por 5 atividades – Restauração, Transportes, Alojamento, Serviços turísticos e Atividades culturais e recreativas. Estas empresas representam 17% das empresas com atividade comercial, totalizam um volume de negócios de cerca de 42 mil milhões de euros, um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 16 mil milhões de euros, sendo um motor na criação de emprego, com cerca de 416 mil empregados, que correspondem a 12% do total. Os valores referem-se ao ano de 2023, o último com as contas das empresas já fechadas. Os números relativos ao desempenho mostram que as empresas do turismo cresceram mais nos últimos anos, face ao tecido empresarial. No período da pandemia, estas empresas foram especialmente penalizadas, mas logo a partir de 2020 iniciaram uma recuperação robusta no volume de negócios de 31% ao ano, mais do dobro do tecido empresarial, onde o crescimento anual foi de 14%. O emprego também cresceu mais nestas empresas, com uma taxa de 5,2% anual, superior aos 3,6% registados no tecido empresarial. ![]() De acordo com Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, “O turismo tem assistido a um crescimento significativo em Portugal, tornando-se um dos setores com maior peso direto no Valor Acrescentado Bruto (VAB) do país. Dada a relevância deste setor, este estudo tem como objetivo analisar de forma integrada o percurso das empresas do turismo, explorando onde atuam, em que atividades estão envolvidas, como operam e de que maneira contribuem para o emprego e a criação de riqueza nas diversas regiões do país.” Turismo tem um peso determinante no emprego e no VAB do sul e ilhas Apesar da maioria (60%) destas 66 mil empresas estar concentrada na Grande Lisboa e no Norte, é em regiões como o Algarve e nas Ilhas que têm um peso maior, quer ao nível do valor que geram, quer ao nível do emprego. Nos distritos de Faro, Madeira e Açores, mais de 20% do emprego é assegurado pelas empresas ligadas ao turismo, respetivamente 33%, 27% e 22%. Nas mesmas regiões, são também estas empresas que geram maior riqueza, com 34%, 21% e 27% do VAB, respetivamente. ![]() A nível ainda mais local, há concelhos, sobretudo no sul e nas Ilhas, onde as empresas do turismo são responsáveis por mais de metade do emprego e do VAB, como são os casos de Albufeira ou Vila do Bispo, no Algarve, ou de Santana e Porto Moniz, na Madeira. Em termos absolutos, e dada a grande concentração de empresas, os maiores números do emprego e VAB correspondem a Lisboa (162 mil empregos; 8,6 mil milhões de euros VAB) e ao Porto (64 mil empregos; 1,8 mil milhões de euros VAB). Restauração dá emprego a 205 mil pessoas Nas 66 mil empresas que a Informa D&B identificou no setor do Turismo, a Restauração é a atividade mais representada, com 26 mil empresas (39% do total), seguida dos Transportes com 15 mil. As atividades do Alojamento e dos Serviços turísticos têm cerca de 11 mil empresas cada uma, pertencendo as restantes 3 mil às Atividades culturais e recreativas. A restauração é também a atividade que gera mais emprego, cerca de 205 mil postos de trabalho. Os Transportes são a atividade que gera mais volume de negócios e VAB. ![]() Criação de empresas de turismo cresce mais do que nas outras atividades A seguir à pandemia, a criação de empresas de atividades ligadas ao turismo cresceu de forma significativamente superior à das restantes atividades. A tendência já se verificava desde 2015 (desde esse ano até 2024 foram criadas 87 mil empresas de turismo), mas acentuou-se logo a partir de 2021 e nesta última década a criação de novas empresas de turismo atingiu um crescimento de 6,8% ao ano, que compara com um crescimento anual de 3,4% na generalidade do tecido empresarial. Este crescimento é transversal a todas as regiões e a todas as atividades, mas com um peso muito significativo dos Transportes, que registou um crescimento anual de 28% na última década. ![]() Empresas de turismo têm menor solidez e resiliência financeira Face ao tecido empresarial, entre 2019 e 2023, as empresas de turismo têm menor solidez financeira, expressa por níveis inferiores de autonomia financeira e rácio de solvabilidade. Da mesma forma, são menos as empresas de turismo que registam um nível de Resiliência Financeira Elevado ou Médio-Alto (46%) face à percentagem da generalidade do tecido empresarial (51%). Este indicador avalia a capacidade de uma empresa enfrentar um choque excecional e não previsto com impacto significativo no seu processo produtivo e comercial. A diferença é ainda maior quando se avalia o Risco Failure destas empresas, um indicador que reflete a probabilidade de nos próximos 12 meses, uma entidade cessar a sua atividade com dívidas por liquidar. 64% das empresas de turismo mostra um risco Mínimo ou Reduzido, inferior aos 74% quando considerado o tecido empresarial. DEFINIÇÕES SOBRE A INFORMA D&B |