dezembro 2024 Variação referente ao mês homólogo
Nascimentos
03431
-4,8%
Encerramentos
01070
-64,7%
Insolvências
00171
41,3%

OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM

Artigo de opinião de Teresa Cardoso de Menezes, publicado na edição das “1000 Maiores” do Expresso

É sem dúvida importante celebrar a dimensão das empresas. Quando estabelecemos e analisamos rankings, como o das 1000 Maiores Empresas em Portugal, somos invariavelmente conduzidos a essa conclusão.

A contribuição das 1000 Maiores Empresas em Portugal para a economia nacional é esmagadora, representando 46% do volume de negócios de todo o tecido empresarial, mais de metade das exportações e 23% do emprego. Mais do que um mero contributo, a atuação destas empresas constitui, na realidade, um dos mais robustos pilares de sustentação da economia.

Este é o retrato destas empresas, tal como se mostram no presente, de acordo com a análise que a Informa D&B realizou. Mas, para além do retrato do momento, seria bom percebermos o que as trouxe até aqui, ou seja, quais os traços que apresentam e que estão de alguma forma relacionados com a dimensão que conseguiram conquistar. Desse modo, tornar-se-ia mais fácil entender quais são alguns dos ingredientes que, isolados ou em conjunto, estão associados ao crescimento, e aos quais se deveria prestar atenção quando se pretende estimular o crescimento das empresas em geral.

Nunca são leituras fáceis nem simples. Se assim fossem, muitas outras empresas teriam também chegado a esta dimensão. E, pelo contrário, o que vemos é que ganhos de dimensão são processos difíceis e geralmente lentos.

É com o propósito de assinalar alguns destes ingredientes que os prémios a atribuir às 1000 Maiores Empresas em Portugal incluem distinções específicas, com as quais procuramos realçar comportamentos que estão associados a estas empresas de maior dimensão. Alguns são mais óbvios, como o ‘Prémio Exportações’, mas não deixa de ser importante lembrar a força motriz que os negócios com outros mercados representam para a economia portuguesa. Se são importantes em qualquer economia, mais importantes serão num país com um mercado interno reduzido. De modo a dar mais consistência a este perfil por parte das empresas, o prémio incide na forma sustentada como as exportações cresceram ao longo dos 3 últimos anos, e não apenas no último ano.

A forma sustentada com que os fenómenos surgem nas maiores empresas foi, aliás, algo que se decidiu assinalar, incluindo-a nos critérios de atribuição destes prémios. Por essa razão, a análise compreende indicadores das empresas nos últimos três exercícios.

É exatamente o que acontece com o ‘Prémio Emprego’, atribuído à empresa que, além de crescimento sustentado de volume de negócios nos últimos 3 anos, regista o maior crescimento do número de empregados no mesmo período.

O mesmo se passa com o fenómeno da igualdade de género. Sendo um sintoma de uma mudança necessária, decidiu-se atribuir o ‘Prémio Mulheres na Gestão’ à empresa onde o maior crescimento coincide com uma equipa de gestão que respeita a igualdade de género. O critério da longevidade surge também no prémio que é atribuído à empresa com 50 ou mais anos e cujo negócio mais tenha crescido nos últimos 3 anos.

Mas estes prémios refletem também de alguma maneira o modo com elas estão preparadas para o futuro. Face aos desafios exigentes do atual contexto económico, as empresas apenas serão elegíveis para receber os prémios se revelarem um nível de resiliência elevado ou médio-alto e um Risco Failure mínimo, reduzido ou moderado. A Resiliência Financeira é um indicador criado pela Informa D&B que avalia a capacidade de uma empresa enfrentar um choque excecional e não previsto com impacto significativo no seu processo produtivo e comercial; O Risco de Failure é também um indicador da Informa D&B, neste caso refletindo a probabilidade de, nos próximos 12 meses, uma entidade cessar atividade com dívidas por liquidar.

Estes são prémios que pretendem assinalar não apenas a dimensão, mas sobretudo o crescimento, a sustentabilidade desse crescimento e os comportamentos que a ele surgem associados, procurando pistas sobre o caminho que estas empresas percorreram até aqui.

Assinalando o momento presente, refletem também a história que trouxe estas empresas até aqui, bem como alguns sinais sobre o que podemos esperar delas para o futuro.

Sendo uma celebração, é sobretudo uma oportunidade de aprendizagem, um convite para refletirmos sobre o que podemos aprender com estas empresas, sobre aquilo que deve ser protegido para que mais empresas tenham capacidade de crescimento, contribuindo para uma economia mais robusta.

Teresa Cardoso de Menezes, Diretora geral da Informa D&B