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Um ano que pôs à prova a resiliênciadas maiores empresas

Artigo de opinião de Teresa Cardoso de Menezes, publicado na revista Exame – edição especial 500 Maiores & Melhores:

“No primeiro ano da pandemia, o grupo das maiores empresas sofreu um impacto superior ao da média do País, mas foi a sua resiliência que lhes permitiu suportar esse forte impacto

Qualquer análise sobre a evolução das empresas em 2020, incluindo as 500 Maiores & Melhores empresas (500 M&M), tem necessariamente de ser enquadrada pela pandemia de Covid-19 e pelas restrições impostas para a combater.

Se quisermos resumir os impactos da pandemia no tecido económico, esta é uma crise violenta, global e dirigida para setores específicos, aqueles em que essas medidas restritivas têm mais impacto – e que em muito casos tiveram como consequência grandes quebras na operação e mesmo a interrupção da atividade das empresas.

A violência ficou expressa nos números do desempenho das empresas em 2020, com mais de metade do tecido empresarial a ver reduzido o seu volume de negócios, numa inversão face ao que aconteceu em 2019, último ano antes da pandemia, quando mais de metade das empresas viu crescer o volume de negócios e em que apenas 35% recuaram nesse indicador. Entre as 500 M&M, 58% perderam volume de negócios em 2020, que corresponde a um recuo agregado de 11,8% face a 2019.

O alcance global da pandemia e a semelhança nas situações que gerou na generalidade dos países afetou

a atividade exportadora, com mais intensidade no grupo de empresas em que os negócios dependem mais do exterior, como é o caso das maiores empresas e, como tal, das 500M&M. Entre estas, 60% registaram um decréscimo nas exportações, numa redução agregada de 18,9%, mais do que o tecido empresarial, onde 55% das empresas recuaram nas exportações, num valor correspondente a menos 14,5% do que em 2019.

Mas é a forma como atinge especialmente alguns setores que talvez dê a esta crise os seus traços mais distintivos e que ajudam a perceber as suas consequências no tecido empresarial e em particular nas 500 M&M.

Os confinamentos e as restrições à circulação tiveram como consequência quedas gigantescas em atividades como o transporte de passageiros e grande parte de mercadoria não alimentar, a indústria automóvel ou a de combustíveis.

A forte presença das 500 M&M entre estas atividades contribui de forma muito significativa para o recuo no desempenho destas empresas em 2020 face a 2019, um recuo cuja dimensão reflete também a própria dimensão das empresas.

Em praticamente todos os setores há empresas a crescer entre as 500M&M e, no total dos setores, 30% viram a sua faturação aumentar em 2020. Além disso, e apesar dos constrangimentos na maior parte das atividades, há também setores a crescer entre 2019 e 2020, como são o caso da Saúde, da Construção e imobiliário ou da Tecnologia, media e telecomunicações.

O desempenho das 500 M&M em 2020 é um reflexo da forma como a pandemia atingiu o tecido empresarial. A magnitude deste recuo nas 500 M&M acaba por ser consequência natural da sua dimensão. Mas é também a sua dimensão que lhes dá uma resiliência bastante acima da média e mais capacidade para enfrentar e superar estes momentos. Pelo peso e pelo papel essencial que desempenham no tecido empresarial, a sua resiliência funciona como garantia de sustentação da economia.

E se é verdade que a pandemia é um momento extraordinário, estas empresas deverão mostrar agora o que têm também de extraordinário. Seria bom que possam fazê-lo num ambiente económico que promova o crescimento das empresas, lembrando que as de maior dimensão são responsáveis pela construção de grandes cadeias de valor para onde atraem muitas outras empresas e que são também as mais preparadas para o fazer à escala global.”

Veja o artigo publicado aqui.