Portugal com tendências contrárias às dos seus parceiros comerciais – Empresas portuguesas são as que menos cumprem os prazos de pagamento em todo o mundo
Portugal é, em todo o mundo, o país onde menos empresas cumprem os prazos de pagamentos acordados com os seus fornecedores. A conclusão é do estudo ‘Como pagam as empresas em Portugal’ da Informa D&B, que analisou o cumprimento dos prazos de pagamento em 2018 em empresas de 35 países, os prazos médios de pagamento e o risco das empresas se atrasarem significativamente a pagar aos seus fornecedores. Segundo esta análise, a Polónia é o país onde mais empresas (79,3%) pagam no prazo acordado. A maioria das transações comerciais entre empresas em Portugal não é feita a pronto pagamento, ficando um valor por pagar aos fornecedores a liquidar num prazo estabelecido. O valor por pagar a fornecedores é de 49,8 mil milhões de euros, o equivalente a 27% do PIB nacional. O prazo médio de pagamento das empresas é elevado, situando-se nos 71 dias, com 26% das empresas a pagarem a mais de 90 dias. Em Portugal, apenas 14,2% das empresas cumpre os prazos acordados com os fornecedores, o que nos coloca na cauda dos piores pagadores a nível mundial. Segundo Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, ‘o atraso nos pagamentos cria dificuldades de liquidez a grande número de empresas e não contribui para um clima de confiança entre os agentes económicos; por isso, é cada vez mais importante dar aos gestores instrumentos e análises que lhes permitam escolher os parceiros de negócios em função deste indicador, reduzindo o risco que esta situação traz para as suas empresas.’ Portugal revela tendência contrária à dos seus parceiros comerciais Os principais parceiros comerciais de Portugal registam cada vez mais empresas cumpridoras dos prazos de pagamento, ao contrário do nosso país, onde a tendência tem sido contrária nos últimos anos. A média europeia de empresas cumpridoras era no final de 2018 de 42,8%, três vezes superior ao que se verifica em Portugal. 50 mil empresas em Portugal com risco elevado ou médio-alto de se atrasarem mais de 90 dias a pagar aos fornecedores O risco associado ao recebimento é uma preocupação cada vez maior por parte dos gestores e relevante para uma economia saudável, pois afeta o equilíbrio financeiro das empresas, sobretudo nas de menor dimensão, que perante estes atrasos ficam elas próprias sem capacidade de pagar aos seus fornecedores. As transações comerciais entre empresas envolvem um valor a pagar num prazo acordado, com um risco associado no seu recebimento. Este risco pode ser previamente quantificado através de uma avaliação de risco comercial que determina o risco Failure e risco de Delinquency das empresas, segundo dois modelos desenvolvidos pela Informa D&B. Segundo a avaliação de Risco Delinquency (a probabilidade de uma empresa se atrasar mais de 90 dias a pagar a fornecedores), 15% das empresas (cerda de 50 mil) apresentam um risco elevado ou médio-alto. Porém, estes 15% representam 70% do valor total a pagar a fornecedores. O risco das empresas não virem a receber o valor em dívida é muito menor. Segundo a avaliação de Risco Failure (a probabilidade de uma empresa encerrar com dívidas por liquidar), a grande maioria das empresas em Portugal apresenta um risco mínimo ou reduzido. Setores que pagam mais tarde são também os que recebem mais tarde Os setores das Indústrias, Agricultura, Construção e Grossistas estão entre os que recebem mais tarde, sendo também os que pagam mais tarde. Pelo contrário, Atividades imobiliárias, Transportes, Alojamento e restauração e Serviços gerais concentram maior percentagem de empresas que pagam até 30 dias, sendo também os setores que recebem mais cedo. A exceção a esta regra é o Retalho, pois sendo um dos setores que recebe mais cedo, isso não se reflete nos prazos praticados pela maioria das empresas deste setor quando pagam aos seus fornecedores. Micro empresas são as que mais agravaram o incumprimento dos prazos Em Portugal, as micro empresas são as que estão a contribuir mais fortemente para agravar os atrasos nos pagamentos em relação ao que foi acordado com os fornecedores. Face a 2009, todas as dimensões de empresas, desde as micro às grandes empresas, pioraram o seu registo; mas nas micro empresas este valor degradou-se substancialmente, passando de 26,7% de empresas cumpridoras em 2009 para 14,2% em 2018. Entre as micro empresas verificou-se também nos últimos 10 anos um grande aumento daquelas que se atrasam mais de 90 dias. Nas grande empresas, apesar de registarem a percentagem mais baixa de cumpridoras, mais de 80% atrasa-se menos de 30 dias. |