
Só um quinto das empresas em Portugal cumpre prazos de pagamento aos fornecedores
Apenas 20% das empresas em Portugal cumprem os prazos de pagamento acordados com os seus fornecedores. Os dados referem-se a 31 de maio de 2025 e foram apurados na última edição do estudo da Informa D&B sobre os comportamentos de pagamento das empresas que é apresentado hoje, 4 de julho, na conferência ‘O Impacto de Pagar a Horas’, organizada pela ACEGE e pelo Santander. ![]() No entanto, existem dados positivos no estudo da Informa D&B. A ligeira melhoria na percentagem de empresas cumpridoras, que era de 15% há 5 anos, e a redução de atrasos significativos fez diminuir o número médio de dias de atraso nos pagamentos, que passou dos 26,6 em 2020 para os atuais 22,6. No mesmo período, a percentagem de empresas com atrasos superiores a 90 dias desceu de 7% para 5%. ![]() Mas esta melhoria dos comportamentos de pagamento das empresas em Portugal mostra um ritmo muito mais lento do que acontece na União Europeia, pois o mesmo estudo revela que é cada vez maior a distância entre as empresas portuguesas e as da UE. Após a introdução da Diretiva Europeia de Pagamentos, transposta em 2013, a percentagem de empresas na UE que cumprem os prazos passou de 38% em 2013 para os 49% no final de 2024. No mesmo período, a percentagem de empresas cumpridoras em Portugal subiu dos 17% para os 19%. Em resultado destas evoluções, a diferença entre Portugal e a UE era de 21 pontos percentuais em 2013 passando para 30 pontos percentuais no final do ano passado. ![]() Num panorama internacional mais alargado, a situação é ainda menos favorável para as empresas portuguesas. Nos 41 países em todo o mundo analisados na última edição do estudo ‘Payment Study’ elaborado com dados de 2024 pela CRIBIS D&B, e no qual a Informa D&B participa com informação das empresas portuguesas, Portugal ocupa a penúltima posição entre todos eles, só à frente da Roménia. ![]() De acordo com Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, ‘a maioria das transações comerciais entre empresas é realizada a crédito, com base na confiança entre as empresas. Os atrasos nos pagamentos, além de degradarem esta confiança, induzem impactos negativos nas empresas credoras, condicionando a sua capacidade na obtenção de empréstimos e na realização de investimentos com vista ao seu crescimento; geram também um círculo vicioso que atinge empresas que pertencem à mesma cadeia de clientes e fornecedores, afetando sobretudo empresas mais vulneráveis, como as PME, onde as dificuldades de tesouraria podem pôr em causa a sua própria viabilidade.’ Entre as grandes empresas só 4% cumprem prazos de pagamento Os atrasos nos pagamentos são transversais a todos os setores e regiões do país, embora com algumas diferenças. O setor Grossista é aquele que regista o menor atraso médio (20 dias), enquanto os Transportes têm o maior atraso neste indicador (30 dias). Numa perspetiva regional, a Madeira tem a menor percentagem de empresas cumpridoras e o mais elevado número médio de dias de atraso (26 dias). Pelo contrário, é nos Açores que se regista o menor atraso (20 dias). Em relação à dimensão, nas grandes empresas, apenas 4% cumprem os prazos acordados com os fornecedores. A percentagem de cumpridoras vai subindo à medida que desce também o escalão de dimensão das empresas: 11% nas médias empresas, 19% nas pequenas empresas e 24% nas microempresas. No entanto, as grandes empresas são as que têm também uma menor incidência de atrasos significativos, o que sugere um comportamento de pagamento mais previsível e com menor risco de incumprimento grave. Cerca de 43 mil empresas em risco de atrasos significativos Segundo o indicador de Risco Delinquency da Informa D&B, que reflete a probabilidade de, nos próximos 12 meses, uma entidade registar um atraso de pagamentos superior a 90 dias a pelo menos um dos seus credores, cerca de 43 mil empresas mostra um risco médio-alto ou elevado. Universo e definições SOBRE A INFORMA D&B |